Desde Novembro de 2014, esta coluna decidiu ir além do minimalismo eletrônico – formato que surgiu na Alemanha na primeira metade dos anos 70 e atingiu seu apogeu por volta de 1993/1994. Já era tempo.

O álbum ‘XEN’ [clique] de Arca, marcou essa transmutaçāo.

Para destrinchar aquela arquitetura revolucionária recorri a especialistas: convidei Francisco Raul Cornejo para que desvelasse as raízes da IDM relacionadas àquele álbum; a Victor Apolinário, os diálogos com a cultura pop e a Moda (sobre a arte de Jesse Kanda); a Hisato Tanaka, as possíveis nuances de Dream Pop; a Jade Gola, que indicasse artistas semelhantes à época; a Bruno Belluomini, as conexōes com o Pós-Dubstep, o Grime e suas derivaçōes; a Pininga, os ritmos latinos e africanos; e a Alain Patrick, que contextualizasse as vanguardas históricas. Eu mesmo me encarreguei de tratar do Desenho de Som cinematográfico e das ressonâncias sacras e medievais também presentes em ‘XEN’.

A matéria é extensa – um dia a republicarei na íntegra.

Isso posto, desdigo agora o que defendo desde entāo – eis aqui o último lançamento do hoje clássico selo Hessle Audio, uma prova de que AINDA É POSSÍVEL ser original na Dance Music em 4/4 a partir de um Breakbeat quase comum.

A singularidade de ‘FENA’ surge no meio da música, logo após os ornamentos búlgaros/turcos – como se já nāo bastasse essa ideia!

Ouça a partir de 1’58” »

O timbre que lembra uma sirene distorcida e evocando um motor em igniçāo salta para fora da base, quase isolado. A mixagem, limpa e permeável, permite que o som emerja desprendido dos outros elementos, porém, metamorfoseando-se em gestos que acompanham o ritmo.

Num universo paralelo, ‘FENA’ é HIT;
Rara remanescente de uma era iniciada há décadas.

E como a Senoide sempre revisita a história recente da Música, deixo outro exemplo de ideia similar. Vá direto ao quarto minuto desse clássico underground de 1996 e perceba »

RESGATE!

imagem » pintura de Ivo Pannaggi – ‘Treno in Corsa’, 1922