Trancelim Sonoro: Kissom

Mais um sucesso do selo Príncipe de portugal, o álbum ‘Kissom’ de XEXA é lançado essa semana:

 

 

A abordagem da XEXA ao Kizumba e estilos originados da diáspora africana continua muito original. E “Kissom” me agradou tanto quanto o “Vibrações de Prata”, seu álbum anterior que já era um dos meus lançamentos favoritos do Príncipe.

O álbum caminha lento e abaixado, quase se rastejando pela noite enquanto erradia uma espécie de bioluminescência. Tem um ar experimental, mas é despretensioso e, portanto, gostoso de ouvir. A ordem das faixas ajuda muito e faz o álbum coeso sem enjoar, com suas subidas e descidas longas. O desenho sonoro também contribui. São sons familiares aos bons ouvintes, que fogem de fórmulas e prendem sua atenção ao se esconderem uns nos outros entre efeitos de espacialização. Quase como que brincando entre os vocais da produtora.

É um álbum novo, com certeza. Muito diferente do anterior. Mas que está tão original e bem-produzido quanto “Vibrações de Prata”. E se me permitirem, gostaria de dizer que já vejo uma identidade sonora própria da produtora. “Kissom” é definitivamente um álbum da XEXA, que não me parece nada “indefinida” como sugeriu o Press Release do selo. Suas origens, influências e referências culminaram nessa flora de sopros, madeiras e sintetizadores bidimensionais inalcançável a qualquer outro produtor que tentou fundir música tradicional com música contemporânea. Uma verdadeira referência.

 

Ouça com amigos ou num date, porque entre faixas alguém com certeza vai lançar um suspiro do tipo “Puta merda…foda”. O tom é de mistério, atiça a curiosidade.

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