Suspensão de Emotividade Sonora – Protopia 02.06.2025

No ultimo dia 02 de junho, em plena segunda feira, aconteceu no Central a noite Protopia, com lives de dois artistas impressionantes: Mari Herzer e Luiz Vanzato. Não hesitei em ir.
Durante alguns minutos, houve uma espécie de comité de pessoas especiais, bem conhecidas e que partilham o mesmo amor pela arte séria, na sala inicial, em meio a drinks, sofás e poltronas – tudo a meia luz, como que já preparando o púbico para o ritual sonoro a seguir. Fomos sinalizados, atravessamos um corredor, e aos poucos, nos sentamos (alguns decidiram assistir em pé) à apresentação da Mari Herzer que começava naquele momento. As luzes eram praticamente inexistentes, a não ser pelo neon azul da palavra chave, Protopia, que reluzia em azul no centro, enquanto o som se apoderava do espaço de forma marcante e surpreendente. Diante de uma constelação de aparelhos, fios, pads e botões, a artista se move com precisão quase ritualística, absorta, deixando o público presente em sintonia profunda. Seus gestos se traduziam um diálogo íntimo entre mente, máquina e matéria sonora. Sua live não se limitou a um gênero – foi uma verdadeira travessia. Do textural ao drone, do minimalismo hipnótico tecnoide a um IDM meticuloso, cortado por ruídos que se decompunham e se reconstruíam — além de momentos de uma estética deconstructed que ecoava os corpos presentes. Mari esculpiu camadas sonoras de temperamentos distintos, formidavelmente: ora densas, ora sutis, ora viris, e sempre imersivas. A sala, em silêncio devoto, absorveu com emoção. Foi um momento de suspensão sensorial, onde frequências e presenças se tornaram matéria única, criando um espaço para novas possibilidades artísticas.
Parabéns, Protopia e Mari Herzer.
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